domingo, 24 de janeiro de 2010

Prāna & Prānāyāma


Prāna & Prānāyāma

Quando ouvimos a palavra Prāna, geralmente a associamos a energia vital, respiração etc.. Porém o prāna possui aspectos muito mais profundos do que apenas estes, o prāna é a essência que possibilita e controla toda criação, seja ela animada ou inanimada!.
No Prashnopanishad II:13 está escrito:Tudo que existe neste mundo, assim como o que existe no Céu, esta sob o controle do prāna. Proteja-nos ó prāna assim como uma mãe protege seu filho e conceda-nos esplendor e sabedoria.
No mesmo texto III:1 Kaushalya pergunta ao venerável Pippalada; Senhor, de onde nasce o prāna?, e para mencionar seu aspecto cósmico ele responde; o prāna nasce de Brahman, a realidade suprema e absoluta.
A palavra prāna é construída a partir de duas silabas “prā” e “ān”,
Ān significa movimento e “prā” é um prefixo que denota “constante”, portanto prāna significa aquilo que se encontra em constante movimento.
O prāna possui tanto um aspecto macrocósmico quanto microcósmico.
Em seu aspecto macrocósmico ele é denominado Mahā Prāna ou Consciência e está relacionado à dimensão transcendental.
Quando o Mahā Prāna é combinado aos atributos de Prakriti ou a natureza objetiva, ele é conhecido simplesmente como prāna e este é seu aspecto microcósmico.
Este prāna como a própria palavra diz representa o principio ativo e positivo dentro da criação e Mahā Prāna o principio passivo e negativo.
A filosofia Samkhyā denomina o Mahā Prāna como Purusha que literalmente que dizer, “aquele que dorme na cidade” e Prakriti literalmente “atividade”, por esta razão é dito que Purusha pode ver mas não pode andar e Prakriti pode andar mais não pode ver, a união destes dois princípios, cada um deles emprestando suas características ao outro é a causa e a origem de toda a criação!.
A combinação entre Mahā Prāna e Prakriti ocorre na dimensão causal e dá origem a Idā e Pingalā, duas das principais nādīs ou canais de energia que interpenetram os chakras ao longo da coluna vertebral, desde o mūlādhāra até o ājñā.
Pingalā é de natureza quente e esta relacionado com o sistema nervoso simpático e Idā é de natureza fria e está relacionado ao sistema nervoso parassimpático, Idā e Pingalā pertencem à dimensão sutil.
Idā é o condutor de Manas Shakti, a energia mental ou lunar e esta força governa a dimensão mental.
Pingalā é o condutor de Prāna Shakti, a energia vital ou solar e esta força governa a dimensão física.
Na dimensão física o Mahā Prāna dá origem aos pāncha vāyus, são eles: prāna vāyu, apāna vāyu, samāna vāyu, udāna vāyu e vyāna vāyu.
Cada um destes cinco prānas possui alguns aspectos mais densos ou fisiológicos e outros aspectos mais sutis.
A pratica dos prānāyāmas esta intimamente relacionada ao domínio dos vāyus em seus aspectos mais sutis.
Algumas pessoas dividem a palavra prānāyāma em prāna e yāma definindo assim a palavra como: controle do prāna, porém na realidade a palavra é composta de prāna e āyāma.
A palavra āyāma significa expandir, estender, prolongar etc. portanto prānāyāma é a técnica pela qual a quantidade de prana é expandida dentro do corpo do yogi através de uma prolongada inspiração, expiração e retenção.
Uma vez que Mahā Prāna e prāna são dois aspectos de uma mesma energia, o aumento do prāna produz no yogi um aumento no seu estado de consciência uma vez que o prāna empresta sua natureza ativa à consciência que é de natureza passiva.
Patañjali nos Yoga Sutras se refere ao prānāyāma como o ato de regular o fluxo da respiração que entra, da respiração que sai com a retenção.
Ao lermos este sutra é fácil confundirmos o prānāyāma com um simples exercício respiratório, porém como se trata de um sutra ou seja, um conhecimento extremamente condensado é obvio que existe um sentido muito mais profundo do que o aparente!
O segredo dos prānāyāmas é conhecido pelos yogis como “prāna nigrāha” ou a inversão dos prānas, normalmente o prāna é uma energia ascendente e o apāna uma energia descendente, no nosso estado natural um vāyu é repelido pelo outro mantendo assim a continuidade do nosso processo respiratório.
Porém na prática dos prānāyāmas estas energias são invertidas, prāna se torna descendente enquanto apāna se torna ascendente.
Com a ajuda de samāna vāyu prāna e apāna se unem no manipūra chakra e isto afeta diretamente udāna e vyāna tornando assim os cinco vāyus imóveis.
Por isso é dito no Yoga Chūdāmani Upanishad: Aquele que conhece o movimento de prāna e apāna é um Yogi no verdadeiro sentido da palavra!.
A imobilidade dos vāyus transforma a mente centrifuga em uma mente centrípeta, por isso diz Swātmārāma no Hatha Yoga Pradīpīka II:2 “enquanto o prāna se movimenta a mente permanece instável, inquieta, mas quando o prāna se torna imóvel a mente se torna imóvel e que esta imobilidade da mente é conquistada através da prática do prānāyāma”. Uma mente centrípeta gerada pela pratica correta do prānāyāma possibilita a pratica dos outros “angas” ou partes do Ashtānga Yoga de Patañjali: Pratyāhāra, Dhāranā, Dhyāna culminando no objetivo real do yoga, o Samādhi.

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