sexta-feira, 17 de julho de 2009
Você afirma que seu primeiro contato com o Yoga foi em 1968 por influência de seus pais. Como isso aconteceu? Seus pais eram praticantes, professores?
Sim, meu primeiro contato com o Yoga foi em 1968. Eu tinha cinco anos na época e meus pais costumavam aos domingos afastar os móveis da sala para praticar juntos, foi em um destes domingos de “68” que tive meu primeiro contato com o Yoga e esta influencia de praticar em família me acompanha até os dias de hoje.
De que maneira a prática do Yoga transformou a sua vida?
Esta é uma pergunta difícil de responder, pois diferente da maioria das pessoas eu não me lembro da minha vida sem o Yoga para ter uma visão real da transformação. Mais acredito que como em todos os praticantes a pratica desde muito cedo em minha vida me proporcionou bem estar, tranqüilidade e consciência. Com certeza em função do Yoga sou um ser humano melhor do que seria sem a sua prática.
Além do Yoga, você se interessa por outros aspectos da vida e cultura indianas. O que exatamente você estudou?
Além do Yoga eu estudei sânscrito com o prof. Euri e o prof. kartikeya Mishra de Varanasi, meu primeiro contato com o Vedanta com o Swami Paratparananda do Vedanta Ramakrishna Ashram, estudei Samkhya e Tantra como Mestre Vagishta Shastra de Varanasi, mantra com o Swami Tattvaratnananda Sarasvati, Meditação com meu guruji Shibendu Lahiri, Alimentação ayurvédica com Vraja Devi e Anjali Pathak e Massagem Ayurvedica com o prof. Giorgio Biazzi entre muitos outros mestres com quem tive o privilégio de travar contato.
Quando percebeu que queria dedicar a sua vida à prática de Yoga e aos estudos da cultura indiana?
Como já foi dito meu primeiro contato com o Yoga foi aos cinco anos de idade e isto me possibilitou muito cedo optar por dedicar minha vida ao Yoga e a vastíssima e profunda cultura hindu.
Quais as principais diferenças que você nota entre a cultura indiana e a brasileira?
O fato de a cultura hindu ser uma cultura milenar possibilita ao indiano ter respeito por toda uma tradição, o que já não ocorre conosco que em relação a eles somos um país muito jovem e quase se tradições, a cultura indiana preza muito mais pelo respeito ao mestre, aos mais velhos, ao Yoga e a tudo que é sagrado enquanto que a nossa cultura ignora quase que por completo estes detalhes que são de suma importância.
Quantas vezes você foi à Índia? O que você gosta e desgosta no país?
Já estive em solo indiano por sete vezes e é muito difícil para eu dizer o que eu gosto e desgosto, pois gosto de quase tudo na Índia, adoro a energia do país, a comida, o povo, sua amabilidade, o carinho e o respeito com que eles tratam seus hóspedes, enfim pouquíssimas coisas me desagradam na Índia. Óbvio que depois de alguns meses em solo indiano o tumulto das cidades grandes e a insistência dos vendedores começam a incomodar um pouco mais quando isto acontece vou para Rishikeshe e ai fica tudo tranqüilo de novo.
O que essas viagens acrescentaram na sua vida?
Voltar da Índia é sempre uma experiência interessantíssima, pois a vida, a cultura e a realidade do dia a dia daquele país são tão diferentes da nossa que se torna impossível não voltarmos para o Brasil mais calmos, centrados e pacientes. Isto sem mencionar o contato transformador de estar na presença de seres realizados, por isto sem duvida alguma o fato de eu ter encontrado meu Guru Shibendu Lahiri foi de todas a maior das bênçãos recebidas em solo indiano.
Onde você fez o seu curso de formação?
Minha formação foi no Centro de Estudos de Yoga Narayana concluído em 1987.
Por que optou pelo Hatha Yoga?
Quando eu comecei a praticar, aqui no Brasil não havia muitas linhas de Yoga como hoje em dia, o Hatha Yoga era alinha mais divulgada, havia uma outra linha mais eu nunca tive muita simpatia por ela por isso optei pelo Hatha Yoga. Foi só no final dos anos oitenta que travei contato com o Kriya Yoga linha na qual fui iniciado anos mais tarde. Primeiro na linha de Paramahansa Yogananda e depois por Shibendu Lahiri bisneto do grande Yogi Lahiri Mahashaya.
Você também estuda o Iyengar Yoga. Que aspectos dessa linha você leva para sua aula?
Ter contado com o método Iyengar foi de fundamental importância tanto para minha pratica pessoal como para minhas aulas, pois prestar atenção ao alinhamento e a simetria na execução dos asanas fazem toda a diferença na minha opinião, sem contar que a utilização dos props, ferramentas que possibilitam a execução dos asanas para alunos que ainda por alguma razão não o pode fazer sem é de primordial importância para que este não se sinta excluído durante a execução de um asana mais complicado, ou mesmo um asana mais simples, mas que para o aluno no momento não é tão simples assim, isto faz com que ele participe de forma harmoniosa e tranqüila do andamento da aula. Outro aspecto importantíssimo é que o uso dos props possibilita fazer o mesmo asanas de formas variadas como, por exemplo, um Utthita Trikonasana que pode ser feito com o auxilio de uma parede, de um cinto de uma cadeira e assim por diante, todas estas variadas formas de fazer o mesmo asana estimula os neurotransmissores criando maior sinapse e nos tornando mais inteligentes e conscientes de nós mesmos e de nossa realidade.
Você dá cursos de formação de professores. O que é essencial para ser tornar professor? Quais os principais conselhos que dá para os seus alunos?
O fator essencial para se tornar um bom professor de Yoga é ter em primeiro lugar um grande amor por esta arte e modo de vida, em segundo profundo lugar um profundo respeito a esta tradição milenar que infelizmente vem sendo banalizada cada vez mais nos dias de hoje pelos charlatões em pele de ”mestres”.Os únicos conselhos que posso dar aos meus alunos é para que nunca parem de estudar e praticar, pois o universo do Yoga é vastíssimo e muito complexo o que implica em total comprometimento por parte do professor em relação ao Yoga, que sejam sempre honestos com sigo mesmo e com seus alunos, satya sempre!
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3 comentários:
Que bom! Mais detalhes da história e do trabalho do professor.
(Sempre bom encontrar algo aqui.)
gostei do comentário "prática em família"... vc sabe... beijo,
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